quinta-feira, 2 de maio de 2013

Obama, cesse o seu, e todo o terrorismo cessará por si próprio


Em 16/04/2013, no briefing room da White House, Obama estava sob o impacto emocional da tragédia do atentado à Maratona de Boston, que matou 3 americanos e feriu mais de 260. Seu inconsciente sem mediação revelou-se nas suas palavras, que quando analisadas assumem a maior importância:


"Sempre que bombas são usadas para alvejar civis inocentes, é um ato terrorista".(“Any time bombs are used to target innocent civilians, it is an act of terror”).


No domingo um drone Americano matou 30 pessoas que participavam de um casamento no Afeganistão. Foram ‘confundidas’ com terroristas. Num sábado, outro drone Americano assassinou 10 crianças que brincavam na rua.


Obama, cesse o seu, e todo terrorismo cessará por si próprio.

Obama também disse no briefing room: “Nós encontraremos seja quem for que atingiu nossos cidadãos, e nós os levaremos à justiça. Nós também sabemos que: O povo Americano recusa-se a ser aterrorizado”. (“We will find whoever harmed our citizens and we will bring them to justice. We also know this: The American people refuse to be terrorized.”). (Newsmark, 16/04/2013, 10:16 AM).


Existem mais de 7000 drones Americanos em ação militar no Iraque, Afeganistão e outros países árabes, guiados desde o solo por pilotos-funcionários revezando-se confortávelmente e sem qualquer risco a cada 8 horas em regime de 24 horas por dia, a partir de Houston e outras bases Americanas, agindo contra a vida de outros seres humanos desprezados em seus mínimos direitos. Artigos do Die Welt de meses atrás afirmam que em um caso, para atingir um líder inimigo, o ‘target killing’ através dos drones em várias tentativas, matou cerca de 116 pessoas. Vizinhos, parentes, mulheres, crianças.

O especialista consultado pelo Die Welt mostrou que está sendo colocada em curso uma mudança brutal nas guerras, contra a qual muitos compatriotas de Obama se manifestam frequentemente. Trata-se de um novo crime de guerra, tratar pessoas como formigas incômodas. Mas no governo de Obama os drones atingiram o ápice do seu uso continuado, até o momento.





Como entender então o fenômeno Obama? 


Obama foi uma grande sorte para a Nação Americana e para o Mundo dilacerado por Bush. O Povo Americano ao elegê-lo pela primeira vez, derrubando preconceitos seculares, mostrou que em sua maior parte é contra a guerra, a mentira e o crime, e que queria um basta. Obama foi a melhor solução, e sua história peculiar é como se mostrasse que o Destino intervém na História. Mas Obama não foi inteiramente o que o seu Povo e o Mundo esperavam. Desviou-se quanto a:

(1) encerrar guerras;
(2) Guantánamo;
(3) o discurso do Nobel da Paz (que teria sido melhor recusá-lo);
(4) o assunto legalização da tortura;
(5) o abuso dos drones e do ‘target killing’.

Mas não se duvida ter sido Obama melhor que qualquer Republicano ou Democrata, à exceção talvez de um Ron Paul, que é manifestadamente contra a guerra e o endividamento gravíssimo dos EUA, embora não inteiramente contra o capitalismo especulativo e predador de Wall Street.

Porque Obama agiu como agiu após a primeira eleição?

Obama demonstra ser um raro gênio político Americano, com habilidade e capacidade discursiva ímpar. Mas subordinou-se à conveniência das elites políticas Americanas, a Wall Street, ao Complexo Industrial Militar. Assim, teve que manobrar até para poder ser reeleito.

Mas agora Obama está há 100 dias no seu segundo mandato. Não haverá outro mandato, e ele não tem mais necessidade de atender a essas conveniências.

Se quiser, Obama pode agora agir como um verdadeiro Estadista, aquele cujos atos trazem influência fundamental na História, representando realmente uma mudança de um mau rumo.

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Obama não é realmente um ‘leftist’, como suspeitam seus radicais adversários do GOP (Great Old Party, o Partido Republicano). Como com fortes argumentos tenta provar Dinesh D’Souza em seu livro, acusando-o de ser doutrinariamente um ‘anticolonialista’, pelas influências do seu pai Africano, de sua mãe e de seus mentores e formadores no Havaí e em Columbia.

Não, não há esquerdistas de peso nos EUA. Mas, apesar do ‘Orgulho Americano’, Obama não está inteiramente fanatizado pela doutrina do ‘Excepcionalismo Americano’, defendida pelo GOP e até por alguns libertários Americanos atuais. Então Obama ainda pode trazer transformação benéfica ao Mundo.
Hailé Selassié disse certa vez: “Até que a filosofia que suporta uma raça superior e outra inferior seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada, a guerra estará em todos os lugares”. (“Until the philosophy which holds one race superior and another inferior is finally and permanently discredited and abandoned, everywhere is war”).

Chega de conflitos. A epidemia que mais cresce no Mundo é a violência. Mas é possível avançar no roteiro sem guerrear ninguém. As ideias jamais se opõem, o que se opõem são personalidades. Brecht também já disse: “Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama de violentas as margens que o oprimem”.


A despeito de Obama sempre afirmar o contrário, os EUA estão cada vez mais em guerra contra o Islã. Um governo imperial não deve nunca guerrear contra uma religião, pois estará se destruindo sem nada destruir. Um apoia-se nas organizações e ações políticas, que têm uma duração limitada, a outra se apoia em ideias filosóficas espiritualistas, que não se extinguem.

A última vez que esse tipo de guerra foi tentado foi no século III DC, quando o imperador Diocleciano decidiu erradicar a nascente religião cristã, impondo aos romanos o retorno às práticas religiosas dos seus ancestrais. Foi essa a circunstância de São Jorge, o único da sua elite que o contrariou. Naquele tempo, contrariar o imperador era crime de lesa majestade, lesa pátria. São Jorge foi martirizado e decapitado, mesmo sendo da elite preferida de Diocleciano. São Jorge demonstrou ser um pacifista, pois tendo até oportunidade de matar o imperador, não o fez, porque isso não solucionaria e sim pioraria a situação dos seus irmãos cristãos primitivos. Assim preferiu ser martirizado. Diocleciano no fim de sua vida se arrependeu, e mudou a cabeça do Império do Mal: seu sucessor resolveu simplesmente fazer um movimento contrário e inusitado – Estatizou a fé cristã, pensando aproveitar para com isso frear a decadência do Império Romano. Vejam na realidade que ele não conseguiu impedir a decadência, mas transferiu o poder político multinacional à Igreja Católica Apostólica Romana, que sobrevive com nova forma ao Império Romano há milênios na Civilização Ocidental. Devemos a São Jorge o fato de o Ocidente hoje ser cristão. Aliás, o dia de São Jorge passou nesse 23 de abril.

Não se deixe Obama arrastar pelos interesses em jogo, pois como dizia Eduardo Galeano: “Los grandes médios de comunicacion dispuestos a inventar enemigos imaginários para justificar la conversion del mundo em um gran manicómio, en un inmenso matadero”.

Obama deve ver que esse enfoque contra o Islã não prospera, e disso afastar o Ocidente, fazendo uma paz ampla, digna e respeitadora das diferenças. Obama deve escolher se vai proceder como um imperador ou como um homem honesto, já que ele não é um homem mau pela índole.

A  sabedoria sagrada da Índia já dizia há milênios: “Os Imperadores são atraídos pelas guerras como as moscas pelo sangue; os maus se comprazem na luta; os homens honestos devem se afastar dos Imperadores, das moscas e dos maus”. (The Emperors are attracted to wars like flies by blood; the bad men love the fight; honest men should turn away from the Emperors,  the flies and the bad men”.

Buckyminster Fuller, um grande filósofo Americano também disse: “ You never change things by fighting the existing reality. To change something , build a new model that makes the existing model obsolete”.

terça-feira, 23 de abril de 2013

E Gene Sharp Não Falou do Occupy Wall Street - Capítulo 3 - Além do Filme

A lista completa dos 198 Métodos é apresentada no ‘TARA - There Are Realistic Alternatives’ (para a violência), que pode ser baixado na Internet. Definições e exemplos dos métodos aparecem em ‘The Politics of Nonviolent Action’, Part Two, ‘The Methods of Nonviolent Action’.

No Appendix Two do ‘TARA’ Gene Sharp em 10 páginas enumera e lista, explicando terem sido usados os métodos em instâncias históricas de lutas não convencionais. Todos os Métodos e os que serão inventados no futuro têm características de três classes e seus grupos:

(1) Protestos e Persuasão Não Violentos

Colocações Formais (destacam-se discursos, cartas, petições); Comunicações com Uma Audiência Mais Ampla (slogans, caricaturas, símbolos, panfletos, livros); Representações de Grupos (delegações, lobbys, piquetes); Atos Públicos Simbólicos (portar bandeiras, símbolos, cores, destruição da própria propriedade); Pressões sobre Indivíduos (incomodar oficiais, vigílias); Dramas e Músicas (performances e músicas humorísticas); Procissões (marchas, peregrinações, carreatas); Honrarias aos Mortos (lamentações públicas, funerais de mentira, homenagens em cemitérios); Assembleias Públicas (de protesto, de suporte, encontros camuflados, aulas públicas); Retirada e Renúncia (saídas, renúncia a honrarias, voltar as costas, fazer silencio).

(2) Não Cooperação

(2.1) Não Cooperação Social 

Ostracismo de Pessoas (boicote social); Não Cooperação com Eventos Sociais, Taxas, Instituições (eventos esportivos e sociais, greves estudantis, desobediência social, retirada de instituições sociais); Saída do Sistema Social (ficar em casa, revoada de trabalhadores, imigração em protesto (hijrat)).

(2.2) Não Cooperação Econômica: Boicote Econômico

Ação Por Consumidores; Por Trabalhadores e Produtores; Por Intermediários: Por Proprietários e Gerentes; Por Detentores de Fontes Financeiras (destacando-se retirada de depósitos bancários, recusa de pagamentos, recusa de aceitação de moeda governamental); Ação Por Governos (destacando-se embargo, lista negra de comerciantes, embargos internacionais a vendedores, compradores e ao comércio).

(2.3) Não Cooperação Econômica: Greves

Greves Simbólicas; Agrícolas; De Grupos Especiais (destacando-se prisioneiros, profissionais, serviços gráficos); Greves Comuns da Indústria; Greves Restritas (operação tartaruga, reportar doenças); Greves Multi-industriais (greve geral).

(2.4) Não Cooperação Política

Rejeição de Autoridade; Não Cooperação do Cidadão com o Governo (destacando boicote legislativo, boicote de eleições, de agencias, retirada de instituições educativas do governo, recusa de assistência, remoção de placas e sinais de identificação, recusa de aceitação de agentes nomeados, recusa de dissolver instituições); Alternativas do Cidadão à Obediência (obedecer com lentidão, não obediência na ausência de supervisão, recusa de reunião para dispersar, sentar-se, esconder-se, escapar, usar a clandestinidade, desobediência civil a leis ‘ilegítimas’; Ação Por Pessoal Governamental (bloqueio de linhas de comando e informação, obstrução, não cooperação judicial, deliberada ineficiência, motim); Ação Por Governos Locais (destacando não cooperação de unidades, evasões e demoras quase legais); Ação Governamental Internacional (mudança de diplomatas, restrição de relações diplomáticas, saída de organizações internacionais, recusa de tornar-se membro, expulsão).

(3) Intervenção Não-Violenta 

Intervenção Psicológica (jejuns, pressão moral, assédio não violento); Intervenção Física (sentar-se, levantar-se, rezar, cantar, invasão não violenta, ocupação, obstrução, interpelação não violenta); Intervenção Social (sobrecarregar facilidades, instituições alternativas, sistemas alternativos de comunicação,(No Egito e Síria, o Facebook por exemplo)); Intervenção Econômica (compras impeditivas, dumping, mercados alternativos, sistemas econômicos alternativos (exemplo o bitcoin), sistemas de transporte alternativos); Intervenção Política ( sobrecarregar sistemas administrativos, revelar identidade de agentes secretos, buscar o aprisionamento, governos paralelos)

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Esse resumo ficou um pouco extenso. O objetivo foi o de permitir uma compreensão completa do conjunto do trabalho de Gene Sharp e seus auxiliares, e da sua inserção nos momentos que vivemos na política internacional.

Para finalizar cabem algumas constatações e sugestões. São sinceras as posições de Gene Sharp, de Jamila Raqib, e talvez até de Bob Helvey. Mas o próprio filme evidencia o seu aproveitamento pelos EUA para fins geopolíticos.

Os EUA detêm hoje o recorde de ignição de “revoluções”, onde buscam obter mudanças geopolíticas positivas para os seus fins, embora às vezes desastradamente consigam o contrário. Sempre se pode facilmente impulsionar essas revoltas, se há descontentes. Jornalistas especializados têm feito análises reportando que, quando pacíficas essas revoltas têm custos de 20 até 120 milhões de dólares, tendo ficado evidente o suporte de grandes potencias imperiais na sua alimentação. Os EUA tornaram-se o único país com direito de exportar a democracia e a liberdade, e o fazem às custas da impressão privilegiada da moeda mundial, o dólar,  pelo FED, indo as contas ao final para o resto do mundo. Quem mais poderia suportar esses dispêndios para intervir na casa dos outros? Os resultados ao longo de decênios têm sido às vezes desastrosos, apenas semeando inimigos dos EUA e do Ocidente, em todo o mundo. Pois se, assumindo o lugar de um deus (aquele que dá), os EUA apoiam um lado irmão ou primo contra o outro, que sem essa dádiva de apoio seria derrotado, o lado perdedor alimentará futuros ódios pelos decênios vindouros. Não foi outra coisa que aconteceu na Coréia, no Vietnam, na China, na Palestina, no Iraque, no Afeganistão. Dá assim para mostrar que os EUA são uma nação com excesso de recursos, e estratégia geopolítica às vezes obtusa, quase sempre conduzindo a prejuízos para as outras nações e até para si próprios e o Ocidente identificado com o seu império.

Gene Sharp demonstra ser um grande e sincero libertário. Talvez um neoliberal ou até um neoconservador, imbuído ainda da ideia da Excepcionalidade Americana. Dá lugar às vezes ingenuamente a um intervencionismo internacional. Para esse entretanto o mundo não está preparado, e não estará, enquanto internacionalismo significar o poder de impérios, mesmo que multinacionais.

Assim, por que não sugerir à Academia Sueca que, recompondo-se de tantos conchavos e falhas, dê o premio Nobel da Paz, ainda que póstumo, a Gandhi, que é realmente meritório. Pode-se também endossar a indicação de Julian Assange, esse realmente um herói dos últimos tempos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

E Gene Sharp Não Falou do Occupy Wall Street - Capítulo 2 - As Ideias e Atos

Gene Sharp preside o Albert Einstein Institute, em Boston, Massachusetts, que funciona em duas salas em sua residência. Ele não conheceu o genial físico, o qual não pode ser considerado um grande pacifista, pela sua atuação nos pródromos da Guerra Atômica. Mas conta que obteve o endereço dele e escreveu-lhe sobre suas ideias, de que iria preso por isso. Einstein respondeu-lhe, que no seu lugar ele talvez fizesse o mesmo, e prometeu ler o manuscrito de Gene Sharp sobre Gandhi. Realmente o leu, e fez para ele uma introdução.

Cursando Oxford, Gene Sharp inspirou-se, e propôs uma nova análise, sobre o que sustentava o poder abusivo e o legitimava junto ao povo, e como retirar este apoio para produzir mudanças, sem violência. Sistematizou então o conhecimento aplicado em diversas ocasiões no mundo, apresentando os seus ‘198 Métodos de Ação Não Violenta’.

Como pesquisador no Centro de Relações Internacionais - Programa de Sanções Não Violentas, em Harvard, dava cursos e fazia conferências. O Departamento de Defesa dos EUA por vezes enviava oficiais escolhidos a Harvard, para um ano de estudos, e uma dessas conferências despertou o interesse do Coronel Bob Helvey, que se tornou um dos seus principais discípulos e auxiliares.

Bob Helvey foi condecorado por extremo heroísmo em ação, na guerra do Vietnã, tendo pertencido ao 5º Batalhão do 729º de Cavalaria, o famoso Regimento em que foi derrotado e morreu em combate o General Custer, em Little Big Horn, contra os índios Apaches, no século XIX.

O Coronel estava desiludido com o Vietnã, e por curiosidade, foi a uma conferência na qual esperava ver pacifistas sujos e de brincos nas orelhas. Não os encontrou, e lá se impressionou com um Professor baixinho e de voz suave, que ao se apresentar à turma dizia que estava ali para ‘debater como conquistar o poder político sem violência, e negá-lo a outros’. Ensinava que os seus métodos não violentos eram uma arma, não física, mas psicológica, social, econômica e política.

Em 1992 Bob Helvey esteve na Birmânia, ajudando a União Nacional Karen. Para lá uma ocasião levou o Professor, que entrou irregularmente no país, indo até Manerplaw, onde a frente rebelde se alocava. Pediram a Gene Sharp que escrevesse sobre o caso da Birmânia. Ele buscou um tratamento genérico, produzindo o seu mais famoso livro ‘From Dictatorship to Democracy’ (1993). Apesar das censuras políticas ao livro, ele se espalhou para a Indonésia muçulmana e posteriormente para outros países.

Em 2000, Bob Helvey esteve em Budapest, apoiado pelo Instituto Nacional Republicano dos EUA, que estava ajudando a revolta popular na Sérvia, através do movimento Otpor (Resistência). Num processo de vários anos, conseguiram a derrubada de Milosevic, desmoralizando o seu governo, com o símbolo da mão fechada e bandeiras negras, com o Panelaço, com a greve geral de 70% dos serviços elétricos, com a invasão pacífica do prédio onde o governo falsificava cédulas eleitorais marcadas com o nome de Milosevic para vencer a eleição.

Após a derrubada, o líder estudantil Srdja Popovic e outros foram estimulados a formar o grupo CANVAS, que passou a atuar em vários países. Srdja menciona o Sudão (onde copiaram o símbolo com o “sabão Girifna”), a Ucrânia em 2004, com a Revolução Laranja, outros países do sul da ex URSS, a Venezuela, Zimbábue, Iraque, Irã, Tibete, onde atuou divulgando a obra de Gene Sharp.

Houve reações de alguns governos. Em Moscou, foram misteriosamente incendiadas editoras. Na Birmânia, segundo Gene Sharp, quem possuísse os livros podia pegar sete anos de cadeia. Na Venezuela, o presidente Chávez é mostrado em vídeo criticando diretamente as ideias de Gene Sharp de “Golpe Suave” e apoiado pela CIA, e dizendo que lá não teriam vez, podendo sim deflagrar uma “explosão revolucionária popular – Jacobina”. No Irã o governo iraniano processou coletivamente como espiões grupos estudantis que liam e dispunham do manual do Professor Gene Sharp.

A televisão iraniana inclusive produziu um vídeo, figurando em desenhos animados Gene Sharp, a CIA e o governo dos EUA em reunião na Casa Branca. Gene Sharp é aí apresentado como teórico da desobediência civil, das "Revoluções Gentis" e um agente da intervenção e infiltração americana.

Ao longo do filme desfilam estas cenas, e mesmo as revoltas da China em 1989, na Praça da Paz Celestial. Gene Sharp menciona que mesmo acontecendo em 350 cidades da China, era um exemplo de falta de planejamento e objetivos predefinidos. Com as cenas discorre o filme como se fossem 6 Lições:

(1) Planeje uma Estratégia;

(2) Supere a Atomização (o isolamento que os governos estimulam no comportamento dos cidadãos e organizações populares);

(3) Coopte os Pilares de Sustentação do Poder (polícia, organizações religiosas, grupos de funcionários, exército etc.);

(4) Resista a Usar a Violência (o que é difícil no controle das multidões associadas);

(5) Pratique o Jiu Jitsu Político (aproveitar a força abusiva do adversário para derrubá-lo, transformando seus atos abusivos em indignação contra o regime, e o filme exemplifica com as tomadas e fotos impressionantes da estudante agonizante Neda, ao ser baleada pela polícia Iraniana em 2009);

(6) Não desista.

Aparecem também vistas da Tunísia e do Egito, em 2011, com declarações do líder popular Ahmed Maher, ilustrando o uso dos princípios de Gene Sharp e das novas tecnologias de comunicação alternativa das redes sociais (Facebook). Na Síria, em 2011, em processo que ainda não terminou, surge a ligação do líder popular Ausama Monajed, inclusive em visita a Gene Sharp em Boston.

Sobre os 198 Métodos, o filme destaca em quadro de fundo de cena alguns como: (17) Eleições de Brincadeira; (65) Ficar em Casa; (179) Instituições Alternativas; (18) Exibir Bandeiras e Cores Simbólicas; (27) Novas Placas e Nomes; (86) Retirar Depósitos Bancários; (35) Sátiras e Trotes Humorísticos; (133) Obedecer de modo Relutante e Lento; (87) Recusar-se a Pagar Dívidas e Juros; (23) Destruir a Própria Propriedade; (31) Incomodar Oficiais; (40) Procissões Religiosas; (19) Uso de Símbolos; (71) Boicotar o Consumo; (44) Funerais de Mentira; (51) Greves; (167) Orações; (37) Cantos (os cristãos primitivos já usavam este contra os Romanos que os achacavam).

Acusado de estar a serviço da CIA, Gene Sharp nega com dignidade, revelando ter até recebido uma oferta graciosa, mas recusou-a. Seu trabalho é livre, idealístico, realizado com o mínimo de recursos, em 2 salas em sua residência. Vitupera a incompetência do Pentágono, que em 40 anos e bilhões de dólares, pouco ou nada conseguiu, e para pesquisas na sua área ele não consegue nem 10 milhões de dólares. A Diretoria Executiva do seu Instituto é exercida por Jamila Raqib, imigrante do Afeganistão, onde sofreu como refugiada (talvez nos tempos da ocupação russa). Desde 2001 ela ligou-se a esse trabalho, com verdadeiro amor e identificação com seu mestre. É ela de uma beleza calma e simpática. Assim rebate também as acusações de apoio da CIA. O Coronel Bob Helvey é revelado pelos seus vizinhos como um defensor das armas pessoais do cidadão (permitidas pela 2ª Emenda Constitucional dos EUA), tendo 14 pistolas em casa. Também nega apoio da CIA, dizendo convincentemente a quem não acredita: “fuck yourself”. Afirma ele permanecer tranquilamente como aposentado em sua residência com seus cachorros e gatos, mas se alguém precisa, o chama, e ele pode, vai ajudá-lo. Bob Helvey fala com sinceridade ao dizer que é preciso usar uma alternativa além de matar. “Não somos bons em ocupar os países. Nem a URSS foi. Deixem os povos em paz. Devemos dar a eles do direito de mudar seus governos, se quiserem".

Gene Sharp afirma: “Não digo o que fazer, pois outro pode vir e dizer o contrário... Mas você pode aprender” (Sozinho). E: “... no mundo inteiro as pessoas estão lutando contra a tirania”. Ao final do filme ele exemplifica com a lista dos movimentos populares recentes, que ele pode ter influenciado ou não: “Venezuela, Vietnã, Zimbábue,China, Japão, Geórgia, Irã, Iraque... e deve haver outros mais"

Mas Gene Sharp não falou dos movimentos nos EUA, em Wisconsin, e do Occupy Wall Street, ponto nevrálgico de libertação não só dos EUA, como do mundo inteiro, dos grandes financistas e jogadores especulativos, do Complexo Industrial Militar, da política de livre emissão e controle da moeda mundial do FED, e dos outros Bancos Centrais das Grandes Potências sobre suas moedas, que, até ao seu final, prosseguirá sendo a única fonte possível aos governos para a fantástica alimentação financeira dos enormes dispêndios e prejuízos das guerras.

Ao concluir o filme, Gene Sharp fala do seu sonho, de ver aplicados  os métodos não violentos pelos oprimidos, e diz que aí não seria preciso mais combater terroristas, pois queles que pensassem em ser terroristas, prefeririam usar esses métodos não violentos, mais eficazes na libertação de sus povos oprimidos.

No próximo capítulo (Clique aqui para ler) você verá algumas considerações além do filme.

terça-feira, 16 de abril de 2013

E Gene Sharp Não Falou do Occupy Wall Street - Capítulo 1 - O Filme e Gene Sharp

A TV nos traz muitas bobagens, mas é preciso ver o documentário  "How to Start a Revolution", em português "Como Iniciar uma Revolução".

Você conhecerá o trabalho de Gene Sharp, teórico indicado ao prêmio Nobel da Paz, autor que se dedica a mobilizar populações oprimidas para combater regimes autoritários através da não violência. O filme de 2012 foi dirigido por Ruaridh Arrow.

Gene Sharp é mostrado no filme, hoje já com 85 anos, bastante idoso. Doutor em Filosofia (D. Phil) em Teoria Política por Oxford, com Bacharelado e Mestrado da Ohio State University. Professor Emérito de Ciência Política na University of Massachusetts Dartmouth. Por quase trinta anos foi pesquisador no Centro para Assuntos Internacionais de Harvard. É autor de vários livros, incluindo um sobre Gandhi como estrategista político. Seus escritos são publicados em mais de trinta línguas. Muitos dos seus trabalhos são livremente baixados na internet.

 O filme entrevista o Professor em seu trabalho. Apresenta um retrospecto de algumas das falas principais em Harvard. Mostra a participação e atuação dos principais auxiliares e seguidores. Evidencia como obra principal "From Dictatorship to Democracy" e seus famosos "198 Métodos de Ação Não Violenta". Ilustra com imagens e entrevistas as revoluções desde 1983 ao presente em que ideias do Professor podem ter influenciado as organizações das populações locais.

É importantíssimo observar que Gene Sharp já aos 25 anos, recusou-se por objeção de consciência, a lutar na Guerra da Coreia (1950 - 53), e por isso foi condenado pela Justiça Americana a 2 anos de cadeia, tendo cumprido 9 meses e 10 dias. Como ele declara, isso serviu apenas para manter a sua integridade. Sobre o seu trabalho, diz não o ter planejado, tendo tido uma criação religiosa, e basicamente busca entender a natureza e o potencial de formas de luta não violentas para derrubar ditaduras. "Trata-se de uma técnica de combate, é um substituto para a guerra e outros métodos violentos”.


Assista abaixo na íntegra ao filme "Como iniciar uma revolução". No próximo capítulo vou comentar as ideias e os atos de Gene Sharp, e mais algumas considerações além do filme.



Clique aqui para ler o segundo capítulo

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Como alcançar a paz mundial?

A desinformação em profundidade sobre a real situação sociopolítica e econômica mundial é uma tragédia alimentada, quando deveria ser diminuída, por toda a mídia do globo.

Necessitamos defender o pacifismo como avanço, como solução. A não violência como “arma mais poderosa que a bomba atômica”, como dizia Gandhi. Ele comprovou, tornando-a a mais eficiente solução para libertar o imenso povo da Índia, da opressão ocidental do Império Britânico, que era técnica e militarmente muito superior.

O mesmo acontece hoje com a imensa população do mundo, os 99% que estão nas mãos dos 1% que os exploram, e sobre os quais imperam os 0,1% dos grandes financistas e dominadores dos impérios. Sua única possibilidade e arma é a Não Violência, desde que tecnicamente, organizacionalmente, em termos de eficiência, não podem nunca ombrear com o Complexo Industrial Militar, a não ser de forma destrutiva e autodestrutiva, como fazem os terroristas islâmicos.

Assim, vemos o mundo caminhando para os abismos das guerras de trilhões de dólares, as falcatruas de Wall Street (e dos grandes financistas mundiais) também de trilhões de dólares e as tentativas de continuar a imperar através do poder dos petrodólares. Conduzidos em todo o mundo por uma política falida dos neocons ou dos neoliberais.

Jogadas e bolhas financeiras imaginosamente criadas através dos últimos decênios, para benefício das elites, e marginalmente das populações mais favorecidas dos países ricos (EUA e Europa), em detrimento dos países em desenvolvimento.

Nos EUA, a classe média perdeu o trabalho “real”, as indústrias para a China e os Tigres Asiáticos, passando a se beneficiar marginalmente de artifícios financeiros, da bolha imobiliária, do sub-prime. Isso pelo fato de o império americano ser o único a emitir (descontroladamente) a moeda mundial, o dólar, de 60 anos para cá.

Na Europa, populações do Sul recebem benefícios exagerados do welfare state, aposentadorias gordas e prematuras e serviços médicos especiais, que estão levando agora por imprevidência os países à bancarrota.

Enquanto isso, o resto do mundo passa fome e carências e as guerras matam inocentes. Drones e supersônicos matam e mutilam nas aldeias do fim do mundo, mais de 100 inocentes para cada bandido atingido.

O poder dos estados imperiais reina quase absoluto, elevado à enésima potência pelas armas de última geração do Complexo Industrial Militar. O uso dos drones é uma enorme transformação negativa na “ética” das guerras, e as populações do mundo nem tomam conhecimento ou não se posicionam com relação a isso, à exceção de minorias, insignificantes na totalidade.

Os crimes de guerra praticados pelas potências maiores não são contidos. São escondidos, ou são olhados complacentemente pela ONU, que deveria ser o fórum de todos os povos, no entanto age apenas como um Senado biônico (não eleito) e dominado pelos governos poderosos, principalmente por aqueles que detêm o poder de veto. Entroniza dessa forma a injustiça, a opressão, o esbulho das soberanias e dos territórios de nações mais fracas.

Os impérios se autojustificam legalizando a tortura. Ganhadores de Prêmios Nobel da Paz pregam e alimentam guerras. Loucos em desespero militar suicidam-se e matam suas crianças e irmãos no afã odioso de cravar pelo menos um pouco de aço no inimigo todo poderoso. Quem são os maiores criminosos?

E os povos não se manifestam. A mídia simplesmente busca rotineiramente suas melhores posições de lucro e eficiência ilusória, sustentando um mero fisiologismo de um verdadeiro quarto poder, sem levar nada a nenhuma conclusão.

É preciso levantar mais vozes, para mostrar a verdade e esclarecer o ser humano. E também despertar o interesse, a adesão, os grupos de apoio, a criação de ações políticas, sociais e econômicas, realizando as tarefas necessárias.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

How to achieve world peace?

Disinformation in depth about the real world economic and sociopolitical situation is a tragedy fueled, when it should be decreased, for all the media around the globe.

We need to defend pacifism as advance, as a solution. Nonviolence as "weapon more powerful than the atomic bomb", as Gandhi said. He proved, making it the most efficient solution to liberate the immense people of India, from the occidental oppression of the British Empire, which was far superior technically and militarily.

The same is true today with the huge population of the world, the 99% who are in the hands of the 1% who exploit them, and prevail upon all the 0.1% of great financiers and rulers of empires. Their only weapon and possibility is the nonviolence, since technically, organizationally, in terms of efficiency, can never be compared with the Military Industrial Complex, except in a way destructive and self-destructive, as Islamic terrorists do.

Thus, we see the world going towards the abyss of trillion dollar wars, the impostures of Wall Street (and the big financiers around the world) also of trillions of dollars and attempts to continue to prevail through the power of petrodollars. Conducted around the world by a bankrupt policy of the neocons or neoliberals.

Moves and financial bubbles imaginatively created in the last decades, for the benefit of elites, and marginally of more favored populations of rich countries (U.S. and Europe), to the detriment of developing countries.

In the U.S., the middle class lost the "real" work, industries to China and the Asian Tigers, going to benefit marginally from financial artifices, housing bubble, and sub-prime. That's because the American empire is the only nation to print (wildly) the world currency, the dollar, from the last 60 years.

In Europe, the southern populations receive exaggerated benefits of the welfare state, fat and premature retirements and special medical services, who are now leading these countries to bankrupt by hindsight.

Meanwhile, the rest of the world goes hungry and lacking, and the wars kill innocents. Drones and supersonic kill and mutilate in the villages of the end of the world, more than 100 innocent people for every bandit achieved.

The power of the imperial states reigns almost absolute, rose to the nth power by the latest generation of weapons of the Military Industrial Complex. The use of drones is a huge negative transformation in the “ethics” of the wars, and populations of the world don’t take notice or don’t position themselves, except for minorities, wholly insignificant.

War crimes committed by the major powers are not limited. They are hidden, or are looked complacently by the UN, which should be the forum for all the peoples, but only acts as a bionic Senate (unelected) and dominated by powerful governments, especially by those who hold the power of veto. So, UN enthrones the injustice, the oppression, and the sovereignty and territory dispossession of weaker nations.

Empires justify themselves legalizing torture. Nobel Peace Prize winners preach and feed  wars. Crazy people in military desperate commit suicide and kill their children and brothers in the hateful work to thread at least a bit of steel in the powerful enemy. Who are the biggest criminals?

And people do not manifest. The media simply routinely search their best positions of profit and illusory efficiency, holding a mere physiological behavior of a true fourth power, without taking anything to any conclusion.

We need to raise more voices, to show the truth and enlighten humans. And also arouse the interest, the membership, the support groups, and the creation of political, social and economic actions, performing the necessary tasks.

sexta-feira, 29 de março de 2013

¿Cómo lograr la paz mundial?

Desinformación en profundidad sobre la situación real económica y socio-política es una tragedia alimentada cuando debería ser reducida, por todos los medios de comunicación de todo el mundo.

Tenemos que defender el pacifismo como avanzo, como una solución. La no violencia como "la arma más poderosa que la bomba atómica", como lo decía Gandhi. Él demostró, la tornando la solución más eficaz para liberar al inmenso pueblo de la India , de la opresión occidental del Imperio Británico, que era muy superior técnica y militarmente.

Lo mismo ocurre hoy en día con la enorme población del mundo, los 99% están en las manos de los 1% que los explotan, y sobre los cuales imperan los 0,1% de los grandes financieros y dominadores de los imperios. Su única posibilidad y arma es la no violencia, ya que técnicamente, en organización, en términos de eficiencia, nunca pueden ser comparables con el Complejo Industrial Militar, a no ser de manera destructiva y auto-destructiva, como hacen los terroristas islámicos.

Así, vemos el mundo en dirección al abismo de las guerras de billones de dólares, los engaños de Wall Street (y de los grandes financieros mundiales) también de billones de dólares y los intentos de seguir prevaleciendo a través del poder de los petrodólares. Conducidos en todo el mundo por una política de bancarrota de los neo-conservadores o de los neo-liberales.

Jugadas y burbujas imaginariamente financieras creadas durante las últimas décadas, en beneficio de las élites y, de manera marginal, también las poblaciones más favorecidos de los países ricos (EE.UU. y Europa), en detrimento de los países en desarrollo.

En los EE.UU., la clase media ha perdido el trabajo "real", las industrias para la China y los tigres asiáticos, se beneficiando paralelamente de artificios financieros, de la burbuja inmobiliaria, del sub-prime. Eso es porque el imperio norteamericano es el único a emitir (de manera descontrolada) la moneda mundial, el dólar, en los últimos 60 años.

En Europa, las poblaciones del sur reciben beneficios exagerados del (Welfare State (estado de bienestar), jubilaciones prematuras y grasas y servicios médicos especiales, que ahora conducen los países a la bancarrota.

Mientras tanto, el resto del mundo pasa hambre y carencias y las guerras matan a inocentes. Drones y supersónicos matan y mutilan en las aldeas del fin del mundo, más de 100 personas inocentes por cada bandido alcanzado.

El poder de los estados imperiales reina casi absoluto, elevado a la enésima potencia de la nueva generación de armas del Complejo Industrial Militar. El uso de Drones es una transformación negativa enorme en la "ética" de las guerras, y las poblaciones del mundo no se dan cuenta, o no se posicionan sobre eso, con excepción de minorías, insignificantes en la totalidad.

Los crímenes de guerra cometidos por las grandes potencias no son contenidos. Ellos son escondidos, o son mirados con complacencia por la ONU, que debería ser el foro de todos los pueblos, entretanto sólo actúa como un Senado biónico (no electo) y dominado por poderosos gobiernos, especialmente por aquellos que tienen el poder de veto. Así entroniza la injusticia, la opresión, el despojo de la soberanía y de los territorios de las naciones más débiles.

Imperios se auto-justifican legalizando la tortura. Ganadores del Premio Nobel de la Paz predican y alimentan guerras. Locos en desespero militar se suicidan y matan a sus hijos y hermanos en el afán odioso de poner por lo menos un poco de acero en el todo poderoso enemigo. ¿Quiénes son los mayores criminales?

Y los pueblos no se manifiestan. Los medios de comunicación de forma rutinaria simplemente buscan sus mejores posiciones de lucro y de eficiencia ilusoria, sosteniendo una mera fisiología de un verdadero cuarto poder, sin llevar nada a ninguna conclusión.

Es necesario levantar más voces, para mostrar la verdad e aclarar los seres humanos. Y también despertar el interés, la adhesión, los grupos de apoyo, la creación de acciones políticas, sociales y económicas, realizando las tareas necesarias.